quarta-feira, 13 de abril de 2011

As sete lições positivas da crise

Tenho andado a questionar-me se será possível tirar alguma lição positiva de tudo aquilo que andamos a viver actualmente em Portugal e no mundo. Destes tempos conturbados e de imensa instabilidade, em que nos sentimos por um lado revoltados com o que está a acontecer e por outro, impotentes para mudar o que quer que seja.


Como conseguir não ficar deprimido no meio de toda esta instabilidade? Como conseguir acreditar que é possível as coisas melhorarem em vez de só continuarem a piorar?


Criei então uma lista de sete lições positivas que, segundo a minha perspectiva são aquelas que eu estou a tirar. Aqui vão elas!


A História demonstra-nos que é nos tempos mais difíceis que surgem os heróis. Na nossa vida pessoal, é o sofrimento que acaba por nos demonstrar que somos mais fortes do que imaginávamos. Penso por isso que é tempo de reflectir e de reprogramar a nossa cabeça ao invés do que tem sido até agora e colocarmo-nos a nós próprios também em questão. Há que ver o que temos feito e como podemos fazer diferente. Se os resultados não são o que pretendemos, então é altura de mudar. Começar de novo. Redefinir prioridades é pois a primeira lição. Será que aquilo que eu tenho considerado importante, é assim tão importante? Possivelmente tenho andado a correr e a transpirar por algo que me incutiram ser o mais importante. Mas não para mim.


A segunda lição que tiro é que não podemos continuar a viver só para o nosso umbigo. Tem sido muito do egoísmo que todos nós temos fomentado nesta sociedade exibicionista

que nos fez chegar aonde chegámos. Uns com tudo e outros com nada! Desde que eu esteja safo, os outros que se lixem! Temos que ser mais solidários. Olhar mais para o que nos rodeia e acreditem que quando começamos a olhar mesmo, não é para ficar tristes, é para termos coragem de dar um pouco a quem precisa mais que nós. Ser mais solidários uns com os outros. Com colegas, com amigos, com familiares ou desconhecidos!


A criatividade é na minha opinião a qualidade que a partir de agora devemos cada vez mais desenvolver e a terceira lição a tirar. Sermos criativos no reaproveitamento da mobília, do vestuário e até mesmo daquilo que cozinhamos em casa. As empresas também elas vão ter de desenvolver um marketing que continue a criar a necessidade de comprar mas ao mesmo tempo terá de ser mais ajustado aos momentos difíceis que se vivem! Dou o exemplo da Triumph que já criou uma campanha que se adequa ao que estou a dizer: “damos 5 euros pelo seu soutien...basta de elásticos frouxos!”.


O burro que opta sempre pelo mesmo caminho que desemboca numa rua sem saída, é isso mesmo, um burro. Nós temos a capacidade de ver mais além e de escolher novos caminhos. Ultrapassar as dificuldades, procurando novas oportunidades e esta é a quarta lição. Porque existem. Implica é criar uma nova mentalidade e apagar muitas das convicções que nos incutiram até à data, como ter um emprego para a vida inteira ou trabalhar apenas na área para a qual estudámos. Umas vezes sim e outras não! O importante é conhecermos as nossas capacidades e será que não existem outras coisas onde nos poderíamos também sentir realizados? Em vez de ficarmos tanto tempo a olhar para a porta fechada, com a chave errada dentro do bolso, porque não olhamos para a janela que está entreaberta, escondida por detrás da amendoeira em flor?


E logo que se consigam vislumbrar as novas oportunidades, importa deixar o medo para trás. Investir muito nas decisões que se tomam e agir. O empenho e a luta constante sem vacilar, sempre determinaram o sucesso dos povos e de qualquer ser humano. Acreditar e prosseguir sem desmotivar perante as dificuldades. É isto que os tempos actuais nos pedem. Ser destemido, empenhado e determinado: é esta a quinta lição.


Nesta altura de crise e tempos conturbados, tendemos a concentrar-nos apenas nas queixas e nas coisas que não correm bem. E cegamos para o que temos, para o que somos e para o que conseguimos. Não é por Portugal estar na bancarrota que nós vamos desistir ou desmoronar. É em períodos como este que devemos servir de exemplo para os outros e mesmo para nós próprios. Somos grandes...grandes seres humanos e termos consciência disso vale ouro - como o que se vende nos negócios que florescem em cada canto das nossas ruas, à custa do desespero de muitos! Temos que valorizar o OURO que existe dentro de nós, em vez de o vender ao desbarato e agradecer tudo o que temos e a grandiosa força interior que nos põe a mover sempre que é preciso. A sexta lição é pois muito simples: agradecer e valorizar o que somos e o que temos.


E chegamos à sétima lição, termos consciência de que a abundância do mundo não é infinita. Poderão perguntar-me agora, onde está o lado positivo desta lição? Não existe. É por isso que não devemos concentrar tudo no dinheiro. Há sacrifícios que não valem a pena. Há guerras que deviam já acabar. Há povos que precisam de ajuda urgente. O povo de Fukushima não escolheu ter perto de si uma central nuclear. A floresta da Amazónia precisa de ser preservada. Há crianças que nascem com Sida porque as mães se sujeitam a aceitar parceiros que vivem oficialmente em poligamia e não podem escolher usar preservativo, como ainda acontece em vários países de África!

Por isso, a lição positiva é só uma: mudar!