sábado, 24 de setembro de 2011

Farto de estar feliz? Ouça as noticias....

Se o dia hoje lhe estiver a correr bem e chegar ao final do dia bem disposto e com energia revigorada, não se contente com isso! Sem hesitar, percorra os telejornais dos vários canais de televisão e vai ver como em breves minutos ou até segundos, acaba com a sua boa disposição!
Afunda-se no sofá, fica de repente pesado. Se ainda não tiver jantado - a comida vai saber-lhe azeda e cair-lhe no estômago em seco, como um murro! - e vai assentar-lhe mal, tenho a certeza. Com muita sorte, não terá uma indigestão!
Mas o mal não é só físico - sentia-se feliz e satisfeito? Era isso? Era, diz bem. Fixe-se numa ou em duas noticias com mais empenho e vai ver que muito em breve, se sentirá um lixo, com vontade de se atirar da janela da cozinha - se tiver uma, senão, doutro sitio qualquer! Garanto-lhe que tão depressa não acreditará num futuro risonho, nem para si nem para os seus.
Sente-se a afundar, como se tivesse colocado os pés em areias movediças? Sente-se pesado, uma pedra no charco? Sente-se deprimido?...amanhã vai pedir ao médico que lhe receite um anti-depressivo!
Pronto, eles conseguiram o que pretendiam: fazê-lo sentir-se mal, culpado, inseguro e descrente. 
As notícias que nos são transmitidas, não é que não sejam verdadeiras. Mas são manipuladas para que só “ouçamos” o que os poderes politico, económico e financeiro desejam. Anestesiam a mente das pessoas com notícias pouco relevantes para que outras mais importantes passem despercebidas ou então, exageram os factos e multiplicam-nos para criar a sensação de caos.
É bom que só se ouça falar da Gripe A ou da infecção dos pepinos (E-coli). Ou como diz um amigo meu, “já reparaste que houve uma altura em que só havia velhos a morrer todos os dias, sozinhos em casa?”. E o fenómeno dos assaltos às caixas multibanco? Nunca mais houve? Estranho.
Agora, é só empresas a fechar e mais e mais desemprego; histórias de familias endividadas; o default da Grécia, a austeridade da Troika, o desvio da Madeira by João Jardim, os cortes a todos os direitos que já detinhamos como eternos, a crise, a crise, a crise!
Fique com medo e não reaja. É isto que se pretende.
As pessoas bloqueiam perante o medo. Ficam inativas, inertes, fracas e periclitantes. Aceitam tudo o que lhes seja imposto. Torna-se muito mais fácil, manobrá-las!
Não nos podemos deixar abater! Hoje em dia é mais que imperativo reforçar os nossos valores e acreditar nas nossas capacidades. Há milhares de coisas boas a acontecer no mundo todos os dias e ninguém fala delas! 
Se neste momento, algum dos canais de televisão tivesse a ousadia de criar um noticiário só para dar notícias boas, aposto que em duas ou três emissões, superaria os maiores índices de audiências!
Eu pelo menos, seria logo uma das primeiras a aderir! Estou farta que as minhas deliciosas sopas, à noite, me caiam mal e me enfartem.

domingo, 18 de setembro de 2011

Às orgulhosamente sós!


No outro dia disseste-me que preferias estar sozinha a sofrer mais. Sofrer é que tu não queres. Deixa lá, não és a única! Se perguntares a qualquer pessoa se gosta de sofrer, a resposta é unânime. Não. Só os masoquistas terão uma resposta diferente. E mesmo a esses eu acredito que lhes dê prazer sofrer de amor!
O que eu pretendi dizer-te é aquilo que tu nunca aceitas quando eu te digo. Fazes orelhas  moucas. E continuas na tua direcção. Com a teimosia do costume.
Dizes-me a mim que não espere pelo Principe encantado, porque nenhum homem é perfeito. O que interessa é que goste de nós e nos trate bem, dizes! Mas tu estás de pedra e cal, tipo estátua de pedra, da praceta da minha terra onde a banda vinha tocar aos domingos, à espera do tal Principe que tu me dizes a mim que não espere, porque não virá. Não existe! Porque te guardas então para ele? Porque gostas de ser parva, é? Ou porque os conselhos que me dás, são só para os outros?
Eu sei que precisavas de fazer um luto. De estar sozinha e de te encontrares. Mas penso que todo o luto tem um tempo. E a validade do teu, já terminou há muito! No outro dia quando o tiraste do frigorifico (o luto, entenda-se!), para decidires se era desta que tinhas a maldita coragem de o atirares para o lixo, já nem bolor tinha, tinha musgo e pequenas lagartixas....às bolinhas verdes! Um verdadeiro nojo, pensaste. Mas agora, onde é que o ponho? E voltaste a colocá-lo na mesma caixinha, fechaste-o para estancar o mau cheiro e ficou mesmo na última prateleira do frigorifico, lá atrás, para não te lembrares muito dele. Cara amiga, o luto continua lá. Dentro de ti. Mesmo que o queiras esconder de todos! 
Nota-se nas tuas palavras amargas. Nas tuas frases sem esperança. Na tua falta de motivação para quereres interessar-te por alguém. Não queres. E tu sabes porquê. E eu já te digo, daqui a poucas linhas. É só para criar suspense!
Como queres que alguém te interesse, se inventas mil e um defeitos a cada pessoa que conheces desde o primeiro contacto? O homem ainda mal sorriu e já tu estás a pensar “o que vou eu descobrir em ti para que me repugnes?”. E os poucos que até achas interessantes - disse poucos? Poucos não. O minimésimo do felizardo que até achas “jeitoso” ou minimamente interessante, espanta-lo. Tal e qual como os espantalhos servem para afugentar pássaros das cultivações! Pões a tua cara mais séria, o teu ar mais arrogante, falas de alto para baixo, orgulhosamente só e independente, com a presunção de seres inalcansável e não dás a perceber o menor lampejo da doçura de pessoa que tu és, do imenso humor que te caracteriza e que tanto nos faz rir, da inteligência que possuis sem ser extravagante, do imenso carinho que podes dar e da protecção que tanto precisas de ter!
Não és uma super-mulher! Não queiras parecê-lo! Sê tu própria. Como és comigo, quando sorris, quando dizemos piadas a propósito de tudo e de ninguém, quando trocamos confidências e abandonas aquele ar sério e imponente de profissional de êxito a tempo inteiro. Sempre que vestes a tua pele e despes a “armadura” que inventaste para te tornares aço inquebrável, tu tornas-te linda e maravilhosa! Voltas a iluminar-te e sorris de dentro para mim!
Quero portanto, que de uma vez por todas deites fora, o luto que guardas religiosamente dentro de ti ou do teu frigorifico, como lhe queiras chamar! E te deixes conhecer aos outros por aquilo que és. Como és. Porque tu acreditas no amor! Só que tu queres que te encontrem. E depois de te encontrarem, queres que destruam a tua armadura. Te idolatrem. E façam por ti os sacrifícios mais inconcebíveis, como ir à lua primeiro apanhar laranjas e só depois disso, tu aceitas o convite para um mísero jantar. “E sem velas, se faz favor! Que eu não sou romântica e nem acredito no amor pateta!”
Mas tu acreditas no amor. Tu não acreditas é que ele volte a existir na tua vida. Não porque não queiras. Mas porque tens medo. Medo de voltar a sofrer! 
E não te apercebes? - apercebeste sim, que também sofres por estar sozinha e sobretudo por não te permitires ser livre e feliz! Tu dizes que tentas e que estás muito melhor. Poça também para ti, se não estivesses ao final deste tempo todo! Mas não estaria a ser tua amiga, se não te dissesse que precisas mesmo de dar um passo em frente. De te deixares ir. Que tal abandonares a pose de mulher de pedra? Que tal encarnares em ti? Quem se guarda demasiado perde as virtudes. A entrega é um acto de auto-valorização. Ser destemido. O arrependimento fica para os que não tiveram a mesma coragem. A paixão morre asfixiada na garganta em silêncio. E a vida passa-nos por cima, como o ferro de engomar, sem amor. Ou pelo menos sem que tentemos conquistar quem se aproxima de nós. Tu estás a fazer o caminho inverso: afastas de ti, todo o ser estranho, do sexo masculino que tenha a mais pequena pretensão de se aproximar de ti! Ninguém está à tua altura. Guardas-te tanto que ficaste demasiado valiosa...e orgulhosamente só! 

domingo, 11 de setembro de 2011

Pequenas mentiras entre amigos


“Pequenas mentiras entre amigos” é o filme que me tocou a alma e o coração de uma forma tão profunda e tão real como já há muito tempo não me lembro de isso acontecer.
Chorei e ri tão intensamente. Vibrei com as personagens. E arrepiei-me com a familiaridade da história.
Pode ser a história de qualquer um ou de alguém que conhecemos. No fundo, naquele grupo de amigos, há sempre alguém que nos faz lembrar alguém. 
O sentido da vida. Qual é o nosso sentido da vida? A amizade. O amor. A solidariedade. Coisas que nos enaltecem e nos fazem sair da mediocridade do nosso dia a dia, tantas vezes vazio. Todos aqueles personagens andam à procura desse sentido da vida. E cada um deles o encontra no afecto e na amizade que os junta uns aos outros.
No centro da história, há uma tragédia. E é à roda dessa tragédia - da qual todos tentam fugir, numa primeira abordagem que o filme começa.
Um amigo sofre um acidente de moto e fica nos cuidados intensivos. Vão todos a correr vê-lo. Mas as férias estão à porta. O que mais podem fazer por ele? Ele não fala. Valerá a pena cancelar as férias para ficar ao lado de uma pessoa que mal se apercebe de que está acompanhado? 
E é durante essas férias que ficamos a conhecer cada um dos personagens. O realizador consegue mostrar-nos de forma poética e ao mesmo tempo a cru, com um humor por vezes azedo e agridoce, as manias, os defeitos, as qualidades, os medos, as crenças e descrenças de todos aqueles personagens que passam férias juntos. Os grandes planos que ele faz às faces, é brilhante. Ficamos a conhecê-los pelas expressões faciais! Sentimos o que eles sentem!
Para mim, o mais importante deste filme é a sensibilidade perfeita com que mete preto no branco as imperfeições de cada um deles mas sem os condenar. Ou de nós mesmos! O nosso egoismo exacerbado. A nossa solidão intransponível, mesmo estando rodeados de pessoas. A procura fútil e tantas vezes em vão daquilo a que chamamos o sentido da vida. O vazio que tantas vezes deixamos que se apodere de nós, a insatisfação que nos corrói o belo do que estamos a viver. Por vezes, só na confrontação com uma tragédia é que conseguimos ver o que perdemos ou o que ficou por dar. 
Mas é a celebração da amizade, no sentido mais puro e grandioso do sentimento que este filme nos mostra. Os últimos momentos são de uma intensidade tão elevada e tão próxima a cada um de nós, que é impossível não nos revermos. Quem vê este filme, fica concerteza com saudades de alguém de quem gosta ou apetece-lhe ser mais cuidadoso e mais carinhoso. 
A humanidade é a desculpa com que frequentemente justificamos os nossos erros. A amizade, pura e verdadeira, pode ser a nossa absolvição!
Se puderem, vão ver! Não saímos tristes do filme, saímos tocados pela sua imensa beleza!

domingo, 4 de setembro de 2011

A Esperança no fim das férias!


O fim das férias sabe sempre a limonada amarga, a melancia passada ou a peixe frio. Uma pessoa não escapa à nostalgia dos belos dias de prazer, da ausência de horários e de obrigações, da inutilidade bestial de só fazer o que lhe apetece e das quimeras que por vezes lhe passam pela cabeça de quando regressar, fazer e ser diferente!
As férias são um verdadeiro escape à rotina que nos desatina, ao stress que tantas vezes nos consome e à falta de tempo e até de paciência para olharmos por nós mesmos!
É bom ser inútil, pelo menos uma vez por ano e ocupar o tempo da maneira mais estapafúrdia que nos passar pela cabeça, sem sentir o peso de consciência de se estar a deixar de fazer alguma coisa que é mesmo necessária ou obrigatória! 
É maravilhoso estar de papo para o ar na praia, sentindo os raios de sol secarem-nos o biquini molhado a seguir a um refrescante mergulho. E sentir a franca preguiça e bem merecida de não ter mais nada para fazer senão mesmo isso: torrar os miolos ao sol! Tzzzzzzz.......... “Se me apetecer, daqui a nada, pego no livro que estou a ler, senão me apetecer, não pego! Ninguém me chateia....vou para a sombra e quem sabe, faço a sesta dos nossos amigos espanhóis - utópica no resto dos dias do ano! É tão bom ser preguiçoso, com direito e sem remorsos!”. Que a Sr. Merkel, não me leia!
Apesar de ser muito dificil regressar ao ritmo de trabalho...o primeiro dia, é como se um camião nos tivesse passado por cima: sonos trocados, energia em baixo, corpo e cérebro a pedir que se mantenha a inércia do “só fazes, se quiseres e se te apetecer”. Mas mesmo assim, é bom regressar! 
Sem querer parecer hipócrita ou estupida! Pondo de lado o desejo avassalador que qualquer comum europeu tem de ganhar o Euro-milhões e escapulir-se para muito longe de tudo o que é perto, sem deixar rasto e rir-se a bandeiras despregadas de todos os que por aqui permanecem - a bulir - e a sofrer por meia dúzia de tostões e a fazer contas desesperadas com as mãos metidas no fundo dos bolsos (rotos, com certeza!)! 


À parte de todos esses devaneios que nos ocorrem geralmente quando estamos fartos de tudo e não vemos a mais pequena saída...repito que também é bom voltar à nossa vida e retomar o nosso caminho! Rever as pessoas de quem gostamos e com quem lidamos no nosso dia-a-dia e que demonstram sinceramente que também gostam de nos voltar a ver e ter por perto; é bom contar o que fizemos e por onde andámos e trocar impressões! Está toda a gente com muito mais energia, mesmo os que não estão tão bronzeados. 
As férias são uma espécie de tónus existencial e é imprescindível aproveitá-lo no regresso, sem o gastar de um impeto. Aproveitá-lo para pegar em projetos adiados ou criar novos que nos permitam seguir em frente com esperança e determinação. Eu não sei se a esperança será uma palavra do agrado da Srª. Merkel ou dos srs. da Troika, mas é um estado de espirito que se deve estimular o mais possivel dentro de cada um de nós. E graças a Deus, é dos poucos bens que ainda podemos possuir, adquirir e criar em abundância sem que esteja sujeito a qualquer imposto! Por isso, não poupemos na Esperança!