domingo, 18 de setembro de 2011

Às orgulhosamente sós!


No outro dia disseste-me que preferias estar sozinha a sofrer mais. Sofrer é que tu não queres. Deixa lá, não és a única! Se perguntares a qualquer pessoa se gosta de sofrer, a resposta é unânime. Não. Só os masoquistas terão uma resposta diferente. E mesmo a esses eu acredito que lhes dê prazer sofrer de amor!
O que eu pretendi dizer-te é aquilo que tu nunca aceitas quando eu te digo. Fazes orelhas  moucas. E continuas na tua direcção. Com a teimosia do costume.
Dizes-me a mim que não espere pelo Principe encantado, porque nenhum homem é perfeito. O que interessa é que goste de nós e nos trate bem, dizes! Mas tu estás de pedra e cal, tipo estátua de pedra, da praceta da minha terra onde a banda vinha tocar aos domingos, à espera do tal Principe que tu me dizes a mim que não espere, porque não virá. Não existe! Porque te guardas então para ele? Porque gostas de ser parva, é? Ou porque os conselhos que me dás, são só para os outros?
Eu sei que precisavas de fazer um luto. De estar sozinha e de te encontrares. Mas penso que todo o luto tem um tempo. E a validade do teu, já terminou há muito! No outro dia quando o tiraste do frigorifico (o luto, entenda-se!), para decidires se era desta que tinhas a maldita coragem de o atirares para o lixo, já nem bolor tinha, tinha musgo e pequenas lagartixas....às bolinhas verdes! Um verdadeiro nojo, pensaste. Mas agora, onde é que o ponho? E voltaste a colocá-lo na mesma caixinha, fechaste-o para estancar o mau cheiro e ficou mesmo na última prateleira do frigorifico, lá atrás, para não te lembrares muito dele. Cara amiga, o luto continua lá. Dentro de ti. Mesmo que o queiras esconder de todos! 
Nota-se nas tuas palavras amargas. Nas tuas frases sem esperança. Na tua falta de motivação para quereres interessar-te por alguém. Não queres. E tu sabes porquê. E eu já te digo, daqui a poucas linhas. É só para criar suspense!
Como queres que alguém te interesse, se inventas mil e um defeitos a cada pessoa que conheces desde o primeiro contacto? O homem ainda mal sorriu e já tu estás a pensar “o que vou eu descobrir em ti para que me repugnes?”. E os poucos que até achas interessantes - disse poucos? Poucos não. O minimésimo do felizardo que até achas “jeitoso” ou minimamente interessante, espanta-lo. Tal e qual como os espantalhos servem para afugentar pássaros das cultivações! Pões a tua cara mais séria, o teu ar mais arrogante, falas de alto para baixo, orgulhosamente só e independente, com a presunção de seres inalcansável e não dás a perceber o menor lampejo da doçura de pessoa que tu és, do imenso humor que te caracteriza e que tanto nos faz rir, da inteligência que possuis sem ser extravagante, do imenso carinho que podes dar e da protecção que tanto precisas de ter!
Não és uma super-mulher! Não queiras parecê-lo! Sê tu própria. Como és comigo, quando sorris, quando dizemos piadas a propósito de tudo e de ninguém, quando trocamos confidências e abandonas aquele ar sério e imponente de profissional de êxito a tempo inteiro. Sempre que vestes a tua pele e despes a “armadura” que inventaste para te tornares aço inquebrável, tu tornas-te linda e maravilhosa! Voltas a iluminar-te e sorris de dentro para mim!
Quero portanto, que de uma vez por todas deites fora, o luto que guardas religiosamente dentro de ti ou do teu frigorifico, como lhe queiras chamar! E te deixes conhecer aos outros por aquilo que és. Como és. Porque tu acreditas no amor! Só que tu queres que te encontrem. E depois de te encontrarem, queres que destruam a tua armadura. Te idolatrem. E façam por ti os sacrifícios mais inconcebíveis, como ir à lua primeiro apanhar laranjas e só depois disso, tu aceitas o convite para um mísero jantar. “E sem velas, se faz favor! Que eu não sou romântica e nem acredito no amor pateta!”
Mas tu acreditas no amor. Tu não acreditas é que ele volte a existir na tua vida. Não porque não queiras. Mas porque tens medo. Medo de voltar a sofrer! 
E não te apercebes? - apercebeste sim, que também sofres por estar sozinha e sobretudo por não te permitires ser livre e feliz! Tu dizes que tentas e que estás muito melhor. Poça também para ti, se não estivesses ao final deste tempo todo! Mas não estaria a ser tua amiga, se não te dissesse que precisas mesmo de dar um passo em frente. De te deixares ir. Que tal abandonares a pose de mulher de pedra? Que tal encarnares em ti? Quem se guarda demasiado perde as virtudes. A entrega é um acto de auto-valorização. Ser destemido. O arrependimento fica para os que não tiveram a mesma coragem. A paixão morre asfixiada na garganta em silêncio. E a vida passa-nos por cima, como o ferro de engomar, sem amor. Ou pelo menos sem que tentemos conquistar quem se aproxima de nós. Tu estás a fazer o caminho inverso: afastas de ti, todo o ser estranho, do sexo masculino que tenha a mais pequena pretensão de se aproximar de ti! Ninguém está à tua altura. Guardas-te tanto que ficaste demasiado valiosa...e orgulhosamente só! 

1 comentário:

  1. Tenho a sensação de ter dito algo parecido a alguém, k como ela està intransigente, fria e sóbria de certezas de não kerer ninguém, mais vale cem incertezas.....



    Da amiga mais "maluca"....

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