quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Procuram-se Sorrisos!

Tenho procurado ideias para escrever sobre temas alegres! Não me apetece escrever sobre assuntos sérios. Por isso mesmo tenho-me colocado a observar as pessoas com quem me cruzo na rua: tentar encontrar manifestações de alegria, amizade, risos estridentes, sorrisos partilhados. Não sei se sou eu que ando nos sítios errados ou a más horas, mas todos estes gestos parecem-me em vias de extinção!

Na semana passada apercebi-me do dia do sorriso que foi uma campanha criada pelas estações de rádio nacionais para motivar ou desafiar as pessoas a manifestações de alegria, como a sorrirem umas para as outras, mesmo sem se conhecerem! E eu que fiquei realmente motivada com a iniciativa, coloquei-a em prática mal saí de casa logo pela manhã, quando parei numa passadeira e sorri especialmente para uma senhora a quem dei passagem! No entanto, ela não só pareceu ficar atónita com o meu sorriso como pareceu nem ter gostado! Pois fixou-me uma segunda vez, entre o incrédulo e o desdém e sem diminuir a tensão na expressão facial, virou-me a cara e seguiu a sua vida inalterável!

A propósito disso tenho aprofundado a minha observação às manifestações de alegria alheias e confesso que vejo muito poucos sorrisos na rua, nos locais de trabalho, nas lojas, nos cafés, por todos os espaços por onde ando...será que nos tornámos numa sociedade macambúzia? Maldisposta, tensa. Vivemos zangados uns com os outros, sem paciência, cansados das vidas que temos! Nervosos, sempre à espera de qual vai ser a próxima má noticia. O que pode ainda acontecer de pior? E isso traduz-se na falta de sorrisos por todo o lado...

É verdade que nos últimos tempos, também não há muitas razões para celebrar. Só o Eng. Sócrates é que parece comemorar a venda da nossa dívida pública com juros próximo dos 7%, como se se tratasse do mais Nobre produto made in Portugal, como o Vinho do Porto, o Azeite ou o Fado! É difícil não nos revoltarmos com tudo o que se está a passar e é natural que as más energias de fora nos trespassem por dentro! Mas temos que saber dar a volta a todo este pessimismo!

Eu até me estaria a preparar para me recusar definitivamente a assistir aos telejornais da noite - sejam de que canal sejam, venha o diabo escolher qual o mais agressivo e sensacionalista! São autênticos filmes de terror! - Não fosse o pavor ainda pior de ficar completamente ignorante!

Julgo que a SIC Noticias neste momento é o canal que nos transmite com a maior seriedade as informações da actualidade, com excelentes programas de debates políticos, com uma criteriosa selecção de lideres de opinião e sem ser demasiado facciosa. Por isso mesmo quero elogiar o profissionalismo dos jornalistas desta estação porque não se caracterizam nem pela agressividade nem pela arrogância ou sensacionalismo exacerbado que estamos habituados a ver noutros canais, nomeadamente na SIC generalista. Aqui as noticias são transmitidas para causar verdadeiros pesadelos às pessoas.

Não estou a dizer com isto, que o conteúdo das notícias que nos são transmitidas não seja relevante. A forma exagerada com que as transmitem é que causa uma certa desinformação! Hoje para além de termos de despender tempo a informarmo-nos, temos também de despender de algum tempo de sobra para filtrarmos!

Alguém já reparou no bombardeamento que os próprios jornalistas trazem expresso na cara e na voz quando entrevistam alguém ou estão a descrever os pormenores de uma notícia? E é este terror que caracteriza a guerra de audiências que se está a propagar por todo o lado e se expressa diariamente nas faces das pessoas que encontramos nas ruas, nos empregados de café, nos funcionários dos supermercados, no vendedor de jornais (de más noticias) e mesmo no vendedor de castanhas assustado pelas más vendas, nos funcionários das repartições públicas que nunca foram muito simpáticos e desde que lhe foram aos bolsos ainda pior estão, nos vendedores de lojas, na padaria...enfim, por todo o lado! É a pandemia da má disposição! Ninguém sorri para ninguém. E suspeita-se de quem sorri....ou quer alguma coisa ou está maluco!

Não se ouvem elogios ou mensagens de encorajamento. Andamos todos combalidos, respira-se a doença do medo e o contágio da desmotivação! É urgente uma vacina que prevenisse estes males! As pessoas vivem encarceradas em dias de desalento: vale mais estar quietinho e continuar mal do que isto piorar! Cerram-se os lábios para não mostrar os dentes. Não vá haver algum mal entendido!

Por isso quero dar os meus parabéns a todas as pessoas que andam nesta engrenagem mas em sentido contrário. Dito de outra forma, contribuem para diminuir a nossa má disposição, para nos dar boas noticias e fazer-nos acreditar que há razões para sorrir e que é possível fazer diferente e melhor todos os dias, através de pequenos gestos de atenção uns com os outros, de sorrisos de alento, de elogios honestos e oportunos, de laços de entreajuda e de disponibilidade para dar tempo aos outros!

Confesso que neste momento me sinto num verdadeiro impasse: entre não resistir à tentação de dar 2 ou 3 casos que para mim fazem toda a diferença, assumindo desde já que me vou esquecer pelo menos de uma mão cheia de exemplos que cada um de vocês se poderá entretanto lembrar a propósito desta crónica; ou optar por deixar à imaginação de cada um, procurar na sua cabeça e enumerar mentalmente os casos que segundo a vossa opinião merecem essa felicitação!

Mas não fosse eu quem sou: a que tem sempre opinião sobre tudo e teimosa por sufrágio universal e ficaria por aqui, rematando com um “parabéns” sem destinatário especifico e por isso incluindo todos os que contribuem de uma forma geral para minha felicidade. Na rádio, na TV, na rua, alguns vizinhos, amigos, desconhecidos até, pelo comportamento positivo que têm e pelas palavras cheias de luz que proferem!

Mas como disse, seria preciso que não fosse eu quem sou! Por isso, aqui vão os meus PARABÉNS dirigidos entusiasticamente a quem de memória me inspirou esta crónica: o Nuno Markl e a sua Caderneta de Cromos que pelas manhãs me inspira de inveja saudável a ter ideias felizes e contagiantes; o programa Portugueses no Mundo da RTP1 que, para além de me permitir viajar por cidades e países incríveis, conta histórias simples e genuínas de pessoas que partiram em busca de novos desafios e primeiro, tiveram coragem e hoje têm sucesso!

Quero dar também os meus parabéns ao Pingo Doce pela campanha com que popularmente me identifico e pela cantiga que se colou à memória da língua e são saí dos ouvidos e me faz lá ir sempre bem disposta, comprar o que preciso e algo que nem preciso assim tanto, sem a noção de estar a gastar o meu dinheirinho.... “Zero de incerteza, zero de preocupação...” É o ser-se enganado porque gosto, de sorriso na boca e querer mais! “Pingo Doce, venha cá!”

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A minha introdução ao PNL – o mais importante são as pessoas!

Este fim-de-semana fui fazer um workshop de Iniciação à PNL, ou seja, Programação Neurolinguística. Para quem nunca ouviu falar, vai ser difícil que consiga compreender através da minha explicação, porque eu própria penso ainda não ter conseguido assimilar muito bem esta técnica ou esta teoria de forma a torná-la perceptível ao mais comum dos mortais.

De acordo com o que pouco que eu percebi durante os dois dias inteiros que lá passei, trata-se de uma espécie de nova ciência social/humana que estuda os nossos estímulos condicionados ou inconscientes e tem como objectivo torná-los conscientes para que alteremos os nossos comportamentos de forma a vivermos melhor, mais felizes e de uma forma mais concreta possamos também atingir com menos esforço os nossos objectivos pessoais ou profissionais. Esta Programação neurolinguística tem como pano de fundo vários modelos comunicacionais – porque o cerne é compreender a comunicação que começa inconscientemente no cérebro e que é conduzida através do nosso corpo para o exterior. Quanto melhor conduzirmos essa comunicação e soubermos por um lado interpretá-la e por outro, aproveitá-la para os nossos intentos, maiores os resultados.

Claro que não é só isto. É muitíssimo mais que isto. Mas eu disse logo que não tinha entendido nem metade! Ainda me sinto a assimilar. E precisaria de ler mais livros ou de rever o Manual de instruções do curso para conseguir obter ideias mais nítidas e para pôr em prática outras, no meu dia a dia.

Há conceitos a que nunca mais vou olhar, mas há outros que me podem até ajudar a descomplexar um pouco a minha vida.

Por exemplo, aprendemos a criar uma âncora – que não é nada mais que um estimulo condicionado, a famosa campainha do Pavlov – e utilizá-la nas situações mais stressantes da nossa vida, de forma a termos mais controlo sobre as nossas ansiedades e a ultrapassar certos obstáculos. Se antes de um momento de stress – como por exemplo, numa reunião onde eu terei de fazer uma apresentação – eu utilizar essa âncora – que pode ser uma imagem de um momento onde eu me senti confiante e segura na minha vida – poderá fortalecer-me e acalmar-me e eu conseguir ficar mais centrada no meu objectivo – que a apresentação corra bem – em vez de me concentrar nos nervos que estou a sentir ou nos pequenos gestos que eu pretendo ocultar de todos para que não se note a minha falta de confiança!

A explicação da âncora inclui em si, outro dos ensinamentos que todos já sabemos e que só nos falta praticar no nosso dia a dia: em vez de nos concentrarmos nos obstáculos que inviabilizam atingir os nossos objectivos, devemos gastar energias em criar um caminho, passo a passo para alcançarmos o que nos propomos! Isto é uma verdade muito simples. Não é preciso gastar 200 euros num workshop para aprender isto! Convém é depois de ganharmos consciência disso, mudarmos realmente as nossas atitudes!

Uma das partes que mais gostei do curso foi a dedicada à procura dos nossos valores que pré-determinam em muito a forma como levamos a vida e a conduzimos sem termos consciência disso. Na perspectiva desta Teoria, os valores não servem para nada. Usamo-los muitas vezes com um sentido vão, porque socialmente fica bem ou porque é aceitável e unânime. Por detrás destes valores que regulamentam a nossa vida de forma abstracta e aparente, existem os recursos que nos faltaram, na maioria dos casos na nossa infância, como a atenção dos pais, a confiança, o amor, a auto-estima, a segurança, a liberdade ou outros e que nos fazem caminhar pela vida em busca de objectivos que muitas vezes não têm nada que ver connosco. Como a escolha de um curso que não nos realiza e o consequente emprego que não nos satisfaz de forma nenhuma. Ou determinam os relacionamentos errados que vamos coleccionando ou a enorme instabilidade que sentimos interiormente. É preciso ir bem lá ao fundo, ao inicio de nós mesmo como pessoas, para descobrirmos como essa falta nos influenciou em muitas decisões que tomámos e continua a afectar-nos como seres humanos em todas variantes da nossa vida.

Penso que mais do que gostar deste curso – porque nem gostei assim tanto durante o tempo que foi leccionado – houve momentos de grande seca e em que pensei, o que estava ali a fazer? Isto não me interessa para nada. Ou não vou aplicar nada disto porque é muito confuso. Afinal, paguei 200 euros para ouvir um gajo falar-me de coisas que já toda a gente sabe e que nem como comunicador me atraiu por aí além. Usou muletas comunicacionais em excesso, que me eriçaram os nervos em franja e senti muitas vezes vontade de me ir embora. Mas como fui com uma das minhas melhores amigas – tão critica e céptica quanto eu e cada uma de nós com a mania que já sabe tudo e ninguém melhor – acabámos por decidir ir ficando, rirmos muitas vezes, comentarmos entre dentes o que ia acontecendo ou as diferentes reacções das pessoas ali presentes, até sermos chamadas á atenção! Mas pouco a pouco, a verdade é que os conceitos começaram a fazer algum sentido e a interacção entre as pessoas foi aumentando de forma positiva. Demos espaço a descobrir os que partilharam naquele fim-de-semana, abdicar da sua família, dos seus amigos e encontrarmo-nos naquela sala do 9º piso, de um Hotel em Carcavelos, frente ao mar. Cada um com o seu objectivo aparentemente diferente. Como que fazendo uma pausa nas suas vidas para carregar baterias, para aprender ferramentas ou simplesmente para partilhar ideias. Todos diferentes mas no fundo, todos iguais. Por mais nomes que demos, aquilo que nos move, é sentirmo-nos mais felizes connosco e com os outros. E para isso, é preciso percebermos melhor quem somos e ouvirmos o que guardamos bem dentro de nós. O Miguel, por exemplo aprendeu que ainda nunca se ouviu, por isso, é que cada vez que se fazia um exercício mental e precisava de falar consigo próprio, procurar imagens do seu passado, para procurar respostas, ele dizia que nunca tinha sentido uma situação desconfortável ou um recurso que lhe tivesse faltado. Havia um profundo silêncio dentro dele. Justificado com o está tudo bem, sinto-me óptimo, sou uma pessoa muito realizada.

A Ofélia chegou lá com o objectivo de comunicar melhor com os filhos e de os ouvir mais e saiu de lá com a certeza de que é a si mesma que tem que procurar ouvir mais, os seus desejos, os seus sonhos, o que a magoou, o que a faz realmente ser mais feliz!

A Joana que quer controlar mais a sua impulsividade no trabalho e criar um melhor ambiente com os seus colaboradores na nova empresa que acabou de criar com o Miguel!

Não me ficaram todos os nomes...sou péssima para decorar nomes! Mas ficaram-me as pessoas. Lembro-me de todos os que estavam naquela sala, incluindo o formador e a sua amiga, a Maria João, que já fez com ele todos os cursos e permaneceu todo o fim de semana, ao fundo da sala a ouvir-nos e a recordar fotografias no seu computador HP. Lembro-me da posição que cada um de nós tomou desde o primeiro momento e da cadeira que nunca mais abandonámos – marcação inconsciente de território – e lembro-me das faces, dos sorrisos, dos gestos, das descobertas que fomos fazendo e não posso deixar de ficar emocionada ao pensar que o melhor deste curso, foram as pessoas que conheci! E que aprendi a respeitar, não por terem profissões tão diferentes da minha ou trajectórias tão pouco comuns, mas por ter dado oportunidade a que me conhecessem um pouco, numa situação fora do contexto normal e também porque fui aceite como sou na minha singularidade e um pouco até na minha maneira imatura de me fazer conhecer.

O mais importante deste curso foi a forma como todos nós, baixámos as defesas perante estranhos que em pouco tempo, conheceram facetas da nossa personalidade que muitos amigos de toda a vida, nunca terão essa oportunidade.

A verdade e a sensibilidade com que nos tocámos para partilhar um fim-de-semana que nunca se voltará a repetir...a menos nas nossas cabeças. Em imagens. Imagens de calma, paz, conforto e claro, algum suor e cansaço. A meio do segundo dia, o formador vira-se para mim e pergunta-me: está tudo bem consigo? E eu percebi logo que só podia ser para mim a pergunta: estava quase a cair para o lado de tanto sono e decidi fazer uma tomada de decisão consciente e fechar os olhos por uns minutos para ganhar alento depois do almoço. E eu não pude deixar de ser sincera: como já não aguentava com o peso dos olhos, tive que os fechar...o José disse-nos para estarmos à vontade, não foi?

Foi risota geral......

Já fui como uma onda que se inicia e engrandece e acabava sempre por se desfazer em terra e voltar atrás!

Hoje sou como uma gaivota!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os Anjos da minha vida

Existem diferentes tipos de pessoas: aquelas com quem simpatizamos ou não (e neste último caso de quem nos apetece fugir), aquelas de quem gostamos muito e que são nossas amigas, aquelas com quem temos muitas coisas em comum e as outras com quem falamos só de trivialidades, as que nos fazem sentir pesadas mal chegam ao pé de nós, aquelas com quem aprendemos muitíssimo e com quem desaprendemos também...mas há um grupo de pessoas, raríssimas e que se diferenciam de todas as outras por duas razões: primeiro, porque não se encaixam em nenhum grupo – amigos, família, conhecidos, colegas e depois, porque mesmo assim são muito importantes porque são pessoas que iluminam a nossa vida de uma forma genuína e acidental, com leveza e estabilidade mesmo sem existir grande intimidade. São uma espécie de anjos na nossa vida!

Mal as conhecemos sentimo-nos tocados por uma magia que se traduz num encanto irresistível, numa sensação de bem-estar que rapidamente nos invade perto dessas pessoas. Não partilhamos com elas segredos mas é como se as conhecêssemos de uma vida. Partilhamos alguns gostos em comum, no pouco tempo de privamos com elas: com umas falamos de livros, com outras de relacionamentos, do amor, de ideias e princípios que regem as nossas vidas, de viagens, de sensações espirituais, um ou outro desabafo que sai ocasional e momentaneamente e sem medo de ter consequência porque o receptor é alguém completamente longe do nosso meio e dos nosso contactos.

São geralmente pessoas que não conhecemos há muito tempo nem privam connosco tempo suficiente para conhecerem as nossas manias e os nossos defeitos mas nós sentimos uma imensa compreensão vinda da sua parte, daí a paz que nos invade e a sensação de conforto e de protecção.

Por isso, é que eu chamo a estas pessoas “os anjos da minha vida”. Quando viro costas, sinto a sua bênção sobre mim, sinto-me mais forte pelas boas energias que elas me transmitem saudável e gratuitamente.

E quem são então essas pessoas? Onde se encontram? Sim, não têm escrito na testa “anjo” nem nos dizem isso explicitamente quando se aproximam de nós. Pois eu digo que estas pessoas se encontram em toda a parte e a qualquer hora, quando menos esperamos e somos nós que as descobrimos. Temos é que estar disponíveis e sensíveis a essa descoberta.

Essas pessoas são geralmente desconhecidas que encontramos casualmente enquanto percorremos o nosso caminho de vida. É a Daniela, a menina-manicure que me arranja as unhas e com quem partilho o gosto pelos livros – nunca conheci ninguém com tão feroz apetite literário e ouve-me sempre com todo o interesse a contar a história do último livro que li ou daquele que recomendo convictamente porque mudou de alguma forma a minha trajectória ou pensamento de vida.

É a Dr. Madalena, a minha amiga cardiologista que teve a clarividência de ver a minha alma e é um misto de minha guia espiritual e protectora maternal!

É a Rita que me faz massagens para acabar com a celulite e o stress e a quem eu desfio alguns segredos e alguns desabafos e de quem eu ouço sempre um sábio conselho, uma dica ou uma técnica de voltar a ganhar alento e motivação. Nunca conheci ninguém que soubesse tanto, de tantas coisas diferentes e em simultâneo. Com argumentos bem dados e provas reais de que sabe do que está a falar. A última prova da sua imensa sabedoria, foi a ideia que ela me deu para a prenda do meu namorado este Natal. E apesar de eu própria ter estado reticente até quase ao momento de lha dar, não é que ela acertou em cheio? Um candeeiro da Philips que faz uma espécie de cromo terapia. Foi simples: ela juntou o facto de ele gostar de gadjets, de ser uma pessoa exigente e que gosta que o surpreendam, de ter uma vida stressante, de gostar de adormecer com luz ou a ver televisão. E zás, catrapás....acertou. Ele confessou-me que quinze dias antes, tinha estado quase para comprar o dito do candeeiro!

É o Jorge, o segurança da minha empresa, que é um verdadeiro gentleman e um amigo pronto a ajudar quando é preciso e sem nunca se queixar de nada!

É a Helena, a cozinheira-mor ou chefe de cozinha (como lhe queiram chamar) aqui do restaurante abaixo da minha casa e que me faz umas sopas deliciosas todas as noites e a minha assiduidade já é de tal forma importante para ela, que já cozinha a pensar em mim e quando não vou lá buscar a sopa, reina a pergunta por onde ando e será que está tudo bem. De tal forma a preocupação é genuína que, agora sou eu que lhes comunico sempre que sei de antecedência que vou estar fora ou que lá não irei por algum motivo.

Não sei se me estou a esquecer de algum dos meus anjos...e certamente já tive outros ao longo da minha vida e irei encontrar outros mais. Eles vão mudando. Raramente nos acompanham para sempre. São voláteis. Caracterizam fases da nossa vida, iluminam-na e depois, um dia desaparecem. Nem eles alteram a sua vida por nós nem nós por eles! Nem é essa a sua função. Ficar para sempre. Pertencer-nos de todo. Ajudam-nos no presente. Aligeiram as nossas dores e as nossas frustrações do dia a dia. Compensam-nos em alegria, paz e bem-estar. Fazem-nos sorrir por dentro e recordam-nos que é bom estarmos aqui, estarmos vivos e que a nossa existência é muito importante. Fazem-nos sair da pequenez do nosso mundo e dão-nos consciência de que viemos ao Mundo para encontrar pessoas como estas e devemos estar gratos e felizes também por isso!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Os deveres dos cidadãos

Somos um povo que reclama muito. Não, desculpem...enganei-me no termo utilizado: queixamo-nos muito. Reclamar nem por isso.

O meu namorado diz que eu estou sempre a queixar-me. Do emprego, de demasiado trabalho, dos benefícios que me tiraram, das regras que tenho que cumprir sem concordar com elas e de determinadas situações que me arreliam. Praguejo para todos os lados e por tudo e por nada. Mas queixo-me em surdina. Não faço estas queixas a quem de direito. Ou seja, só gasto a mim própria energias que devia canalizar para coisas mais positivas na minha vida. Sou uma escrava. Sou uma vítima.

Mas em Portugal, eu não me sinto sozinha. Ouço as noticias e praguejam todos uns contra os outros, de costas voltadas. Veja-se a campanha eleitoral para a Presidência da República que ainda agora decorreu. O Prof. Cavaco Silva passou o tempo a falar mal de todos os que levaram Portugal à ruína actual – tendo-se retirado só a ele próprio como culpado. Vitima também. “Eu bem avisei. Desde há muito tempo que eu avisei que isto ia acontecer.” E porque não fez nada entretanto, Sr. Prof. Cavaco Silva? Foi durante 10 anos – se a memória não me atraiçoa Primeiro-Ministro de um país – então ilusoriamente rico com os subsídios de uma União Europeia ainda promissora. Porque permitiu que o dinheiro então recebido, fosse esbanjado? Um lapso destes parece-me inadmissível para um economista tão luminoso como o Sr. Professor pretende ser recordado na História de Portugal.

E os outros candidatos passaram a campanha eleitoral a criticar esmiuçadamente todas as frases que o Prof. Cavaco Silva tão profeticamente proferia nos seus discursos. Por um lado, eu até os compreendo. Já que estes discursos – raríssimos! - são para aproveitar enquanto ele foi candidato a presidente – a partir do momento em que volte a tomar posse, o Sr. Prof. Cavaco Silva deixará de intervir nos assuntos nacionais – porque a função de um Presidente da República não é manifestar-se sobre os problemas que assolam o país e dizem respeito a todos os portugueses. Claro, a gente paga um punhado de dinheiro a um gajo (desculpe, Sr. Professor) engravatadinho com um grande canudo e sem reformas ainda suficientes por acumular, para que nos represente no estrangeiro, já que a maioria de nós, portugueses, nem se atreve a sonhar pôr os pés em terras dos caramelos espanhóis sem ficar com o cartão de crédito atolado ou hipotecar a casa que não consegue pagar ao banco!

Mas não é para falar mal dos candidatos a Presidentes da Republica que esta crónica existe. Ou só para isso. É para reclamar de mim e de todos os portugueses. Nós não sabemos ser verdadeiros cidadãos, como são os franceses, os americanos, ou até os gregos – que se sabem unir para manifestar e reclamar os seus direitos!

Não é só o Estado que tem deveres em relação a nós. Nós também temos deveres enquanto cidadãos portugueses e claramente, penso que não os exercemos. Fugimos da nossa responsabilidade.

Senão vejamos: falamos caluniosamente que estamos a pagar uma divida que não é culpa nossa, mas de quem nos tem gerido e de quem tem “usado” ilicitamente o dinheiro que nós passamos a vida honestamente a tentar ganhar. Mas só ladramos silenciosamente nos cafés, na Net, entre colegas de trabalho. Mas fazer alguma coisa. Nada. Pagamos e calamos. Falamos da corrupção que esburaca o nosso navio-país e o faz naufragar e falamos mal do Estado que não controla essa corrupção. Mas quantas vezes exigimos factura num restaurante? E no cabeleireiro? E no táxi? Ah, esqueci-me. Oh, não vale a pena, há sempre outras formas de roubar. Pagamos e calamos.

Não é só o Estado que tem de arranjar meios para controlar a chamada economia paralela, todos nós, enquanto cidadãos, deveríamos ter a consciência clara de que isso também faz parte dos nossos deveres.

Porque não criamos um movimento conjunto e exigimos ao Estado que nos envie anualmente um relatório em que nos justifique onde tem “usado” os impostos que lhe pagamos? Porque é o nosso dinheiro que ele gasta. O dinheiro que eu poderia poupar para a reforma que já não vou ter – a segurança social é o maior monstro das bolachas que existe para aqueles que começaram a trabalhar há cerca de uma dezena de anos ou menos. Não vai lá estar nada quando precisarmos! A única coisa que ainda me conforma é que pago actualmente a reforma da minha mãe, que tão estoicamente trabalhou como Professora!

Devíamos perguntar aos nossos governantes porque continuam a aumentar as despesas em saúde, se nos dizem estar a cortar as despesas com as horas extraordinárias com os médicos e no sector público nem estão a conceder contratos aos novos internos que terminam as diferentes especialidades? Porque pagamos cada vez mais pelos medicamentos que precisamos – quer pela diminuição da comparticipação dos mesmos quer pela redução dos PVP exigidos aos próprios laboratórios que os fabricam? Porque é que se promove e se pressionam os médicos a prescrever genéricos – dizendo à população que são de confiança e muito mais baratos, mas se formos comparar efectivamente os PVPs entre a marca e o genérico – afinal, não há assim tanta diferença – o que faz em Portugal os genéricos serem mais baratos, é fundamentalmente o Estado retirar a comparticipação ao medicamento de marca. É uma vergonha haver genéricos tão caros!

Se passarmos para a Educação passa-se outra tragédia da mesma envergadura: fecham-se escolas por falta de alunos e obrigam-se as pessoas a deslocarem-se quilómetros sem sentido e muitas vezes também sem transportes públicos ou vias dignas desse nome. Temos milhares de professores desempregados e inúmeras faculdades a leccionarem cursos sem qualquer saída profissional. Estágios não remunerados e Ordens socialmente emergentes que só dão jeito aos que lá se amanham, como a Ordem dos Psicólogos que obriga os recém licenciados a associarem-se e pagar quotas mesmo sem terem possibilidade de fazer um estágio profissional. E com o que é que pagam o seu pão?

E depois, encontramos uma dezena – desculpem, uma centena de novas instituições e fundações e outras ões que tanto, que servem para comemorar o centésimo aniversário da Republica, ou descobrimentos que já foram às nhentos anos atrás e recebemos com a maior pompa e circunstância, a cimeira da Nato e os seus associados porque somos um país que ostenta ser rico e instalamo-los nos hotéis de 5 estrelas e com jantares megalómanos e em festas privadas para selar compromissos que só selam interesses particulares! E Pagamos e calamos.

E o Estado não tem dinheiro. E o estado corta na Saúde. Na Educação. Corta na Cultura. No ambiente. Na criação de novo emprego. No apoio às pequenas e médias empresas. Nos subsídios de desemprego. Cria leis que favorecem o despedimento e diminuem os direitos que os trabalhadores por conta de outrem têm, nomeadamente as indemnizações pelos anos de trabalho e chamam hipocritamente as estas leis dinamizadoras de novos empregos!

E em simultâneo à noite, enquanto tentamos digerir o jantar já envenenado por tantas más noticias, ouvimos falar de números, números grandes, remunerações mensais que 90% de nós, portugueses, nunca vislumbrarão e que nos deixam os olhos a precisar de óculos 3D – os salários de certos administradores de instituições públicas, como a Caixa, a RTP, a PT, a TAP, CTT, certos cargos nas Autarquias, etc, etc, etc. E mais uma vez, nós pagamos e calamos.

Esta história começa a ser repetitiva. E de mau gosto. Pagamos e calamos.

Estamos a assistir à queda do estado Social. Governados por tubarões que nos levam tudo. E nós naufragamos dentro do barco. As bóias de salvação são poucas e apenas para os que se amanham e tiram proveito desta anarquia capitalista.

Não sou de esquerda mas também não sou de direita. Sou um misto de idealismo profundo que não encontra convicções sérias onde se possa agarrar e sente-se perdido num emaranhado de ideologias fracassadas e sente que é urgente reinventar uma nova sociedade que pague aquilo a que tem direito e exerça os seus deveres com orgulho e de cabeça erguida. Sem medo de ser cidadão. E exija respeito e dignidade.

“O Como” de ser feliz....ou a Teoria de ser chefe de mim própria!

Hoje acordei com um laivo de inspiração para o primeiro dia útil do ano de 2011. Estou-me completamente a lixar que isto pareça conversa de treta e aquilo que todos fazemos no início de cada ano novo – delinear objectivos novos que nos permitam mudar de vida.

Na primeira semana do ano, a taxa de motivação costuma ser de 100% e os objectivos são claríssimos como a água! Mesmo que não se saiba bem como se vão atingir...mas “o como” é algo que, pensamos nós – motivadíssimos em mudar – há-de surgir com o dia-a-dia e com a devida inspiração momentânea.

Na segunda semana de Janeiro – a taxa de motivação já é de 85% - a inspiração para “o como” continua sem surgir e quando olhamos para os primeiros dez, doze dias do ano que já passaram, vem-nos repentinamente aquela questão – o que é que eu já estou a mudar no meu dia-a-dia? Humm...nada. Enfim, mas ainda é muito cedo para tirar conclusões precipitadas - pensamos! Amanhã, amanhã vou começar a pensar “como” atingir os objectivos a que me proponho. O importante é acreditar e não desfalecer. Ou seja, o mesmo que dizer, o importante é continuar a iludir-me de que vou alterar alguma coisa na minha vida, mesmo que continue a fazer o mesmo de sempre e continue a adiar as pequenas mudanças ou a criação da estratégia para amanhã!

Querem que eu continue a analisar este processo decrescente da taxa de motivação para a mudança na terceira, quarta semana do ano, no segundo mês, a meio do ano ou também acham tão enfadonho como eu?

Acho preferível ir então directa ao assunto. A elevadíssima taxa de fracasso na concretização das grandes ideias da humanidade reside substancialmente num aspecto: as ideias fantásticas e luminosas que nos ocorrem no espírito, não passam disso mesmo – do espírito e desvanecem-se também em espírito, nas promessas sucessivas que fazemos a nós próprios de cada vez que nos colocamos em causa, para logo a seguir nos confortarmos com “o amanhã”, em vez de nos confrontarmos. Amanhã sim, tudo é possível. Amanhã vou começar.

Ou seja, dito por outras palavras e para que se entenda em conversa de gente, o que eu quero dizer, é que muitas vezes nós até sabemos “o como” que seria necessário empreender para atingir os nossos objectivos. Mas iludimo-nos e mentimos a nós próprios, porque aplicar “o como” dá muito trabalho. Por isso é que a maioria de nós, tem mais jeito para ser chefe dos outros do que de si próprio. Ser chefe dos outros é mais fácil: incutir pressão, exigir, mandar, delinear metas sem se preocupar em pensar se são alcançáveis (claro que esta não é a definição de um bom chefe, mas isto fica para uma outra vez!). Ser chefe de si próprio portanto e contrariamente aos chefes dos outros, exige autodisciplina, exige mudar hoje, alterar desde já certos hábitos, exige força, persistência e motivação. Exige ser prático e não se deixar enganar pela sua própria preguiça e desculpas esfarrapadas, que se arranjam facilmente ao final do dia, quando se pretende justificar porque é que não se “mudou” nada ou não se fez a patavina dum corno para concretizar o que se tinha em mente. E depois, nem toda a gente tem feitio para se pôr em causa! É preciso ter coragem para nos repreendermos a nós próprios sem nos deitarmos abaixo sempre que faltarmos aos compromissos que assinámos com o intuito de concretizar objectivos.

Por exemplo, há quanto tempo andava eu a dizer a mim própria : “tenho de voltar a escrever! Vou começar!” Mas acreditar só não chega. Até me considero uma mulher inteligente para não cair na esparrela de acreditar que as crónicas vão surgir escritas no ecrã do meu computador por artes mágicas, sem que eu me “obrigue” a criar um tempo exclusivamente para isso – escrever!

Por isso, é para mim hoje uma vitória estar aqui a escrever este pequeno texto. Mas não me posso esquecer, que é apenas um princípio. O inicio da realização do “Como” que tem de ser continuado e preservado todos os dias do ano! Sei que nem sempre me vai apetecer arranjar tempo para escrever ou nem sempre me vou sentir inspirada e pode até acontecer-me não ter a mais pequena paciência para escrever. E é aqui que vão ser necessárias pôr em prática as características de “ser chefe de mim própria”, como a autodisciplina, a perseverança, a motivação e a coragem. Para me dar uma reprimenda, caso não cumpra os compromissos, uma palmada nas costas caso esteja desanimada, um elogio para me inspirar, um reconhecimento pelo caminho já trilhado para me encorajar a subir mais um vão de escadas, a coragem de não aceitar as desculpas mais fáceis como a falta de tempo ou demasiado trabalho ou o desânimo próprio dos dias cinzentos uns atrás dos outros. Apesar de ser uma paixão para mim escrever. A escrita dói e não é fácil. A escrita vive da minha vida e dos dias que velozmente avançam e não me deixam por vezes nem tempo para respirar, quanto mais para reflectir e muito menos para escrever. Mas eu vivo apenas uma vez – ainda não acredito na reencarnação – e algo de dentro de mim mesma, uma voz que tem estado em silêncio ou que eu silenciei no arrastar de dias ocos e que têm ficado por registar, que me diz, que ainda em voz muito baixa, me continua a balbuciar: que é importante eu escrever. Que não passe a única vida que tenho sem escrever. Porquê? Sei muito bem porquê....porque AMO escrever! Porque me sinto imensamente feliz enquanto escrevo. Porque não há nada que me dê mais prazer. Porque sinto que tenho cá dentro tanta coisa para dizer e tantas ideias para criar. E sinto-me imensamente radiante quando estas ideais borbulham de dentro da minha cabeça e da minha alma e coração directamente para as pontas dos dedos que primem sucessivamente as teclas das letras que compõem as frases que me surgem a uma velocidade estonteante em momentos de pura inspiração! E não há nada que me faça mais feliz nem mais realizada! E enfim, porque tenho uma última e primeira missão cada dia e todos da minha vida: fazer-me mais feliz! E escrever é “o meu Como” de ser feliz! Não é o único. Mas é muito importante. Devo isso a mim mesma! E este é um dos três compromissos que este ano de 2011 fiz comigo mesma: voltar a escrever! Os outros dois, terei oportunamente tempo para os dissecar em futuros textos!

E exactamente por isso estou a escrever este pequeno texto para que as palavras inspiradas pelo espírito do novo ano não se percam no ar. Pelo contrário, fiquem gravadas e registadas como testemunho da minha vontade e dos compromissos que assinei comigo para este ano. E ao mesmo tempo, este texto servirá também para me ajudar a exercer a função – para a qual não tenho jeito nenhum, confesso – de ser chefe de mim própria! Para me orgulhar e motivar sempre que estiver a cumprir o que me propus ou para me envergonhar e exigir-me a tal autodisciplina que me falta muitas vezes. Vamos ver se esta estratégia funciona! Senão, encontrarei outra. O que interessa é persistir.

Não estou a encontrar nenhum final adequado para este texto mas não é o fim que mais interessa, é o princípio. E disso já eu me encarreguei.