segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os Anjos da minha vida

Existem diferentes tipos de pessoas: aquelas com quem simpatizamos ou não (e neste último caso de quem nos apetece fugir), aquelas de quem gostamos muito e que são nossas amigas, aquelas com quem temos muitas coisas em comum e as outras com quem falamos só de trivialidades, as que nos fazem sentir pesadas mal chegam ao pé de nós, aquelas com quem aprendemos muitíssimo e com quem desaprendemos também...mas há um grupo de pessoas, raríssimas e que se diferenciam de todas as outras por duas razões: primeiro, porque não se encaixam em nenhum grupo – amigos, família, conhecidos, colegas e depois, porque mesmo assim são muito importantes porque são pessoas que iluminam a nossa vida de uma forma genuína e acidental, com leveza e estabilidade mesmo sem existir grande intimidade. São uma espécie de anjos na nossa vida!

Mal as conhecemos sentimo-nos tocados por uma magia que se traduz num encanto irresistível, numa sensação de bem-estar que rapidamente nos invade perto dessas pessoas. Não partilhamos com elas segredos mas é como se as conhecêssemos de uma vida. Partilhamos alguns gostos em comum, no pouco tempo de privamos com elas: com umas falamos de livros, com outras de relacionamentos, do amor, de ideias e princípios que regem as nossas vidas, de viagens, de sensações espirituais, um ou outro desabafo que sai ocasional e momentaneamente e sem medo de ter consequência porque o receptor é alguém completamente longe do nosso meio e dos nosso contactos.

São geralmente pessoas que não conhecemos há muito tempo nem privam connosco tempo suficiente para conhecerem as nossas manias e os nossos defeitos mas nós sentimos uma imensa compreensão vinda da sua parte, daí a paz que nos invade e a sensação de conforto e de protecção.

Por isso, é que eu chamo a estas pessoas “os anjos da minha vida”. Quando viro costas, sinto a sua bênção sobre mim, sinto-me mais forte pelas boas energias que elas me transmitem saudável e gratuitamente.

E quem são então essas pessoas? Onde se encontram? Sim, não têm escrito na testa “anjo” nem nos dizem isso explicitamente quando se aproximam de nós. Pois eu digo que estas pessoas se encontram em toda a parte e a qualquer hora, quando menos esperamos e somos nós que as descobrimos. Temos é que estar disponíveis e sensíveis a essa descoberta.

Essas pessoas são geralmente desconhecidas que encontramos casualmente enquanto percorremos o nosso caminho de vida. É a Daniela, a menina-manicure que me arranja as unhas e com quem partilho o gosto pelos livros – nunca conheci ninguém com tão feroz apetite literário e ouve-me sempre com todo o interesse a contar a história do último livro que li ou daquele que recomendo convictamente porque mudou de alguma forma a minha trajectória ou pensamento de vida.

É a Dr. Madalena, a minha amiga cardiologista que teve a clarividência de ver a minha alma e é um misto de minha guia espiritual e protectora maternal!

É a Rita que me faz massagens para acabar com a celulite e o stress e a quem eu desfio alguns segredos e alguns desabafos e de quem eu ouço sempre um sábio conselho, uma dica ou uma técnica de voltar a ganhar alento e motivação. Nunca conheci ninguém que soubesse tanto, de tantas coisas diferentes e em simultâneo. Com argumentos bem dados e provas reais de que sabe do que está a falar. A última prova da sua imensa sabedoria, foi a ideia que ela me deu para a prenda do meu namorado este Natal. E apesar de eu própria ter estado reticente até quase ao momento de lha dar, não é que ela acertou em cheio? Um candeeiro da Philips que faz uma espécie de cromo terapia. Foi simples: ela juntou o facto de ele gostar de gadjets, de ser uma pessoa exigente e que gosta que o surpreendam, de ter uma vida stressante, de gostar de adormecer com luz ou a ver televisão. E zás, catrapás....acertou. Ele confessou-me que quinze dias antes, tinha estado quase para comprar o dito do candeeiro!

É o Jorge, o segurança da minha empresa, que é um verdadeiro gentleman e um amigo pronto a ajudar quando é preciso e sem nunca se queixar de nada!

É a Helena, a cozinheira-mor ou chefe de cozinha (como lhe queiram chamar) aqui do restaurante abaixo da minha casa e que me faz umas sopas deliciosas todas as noites e a minha assiduidade já é de tal forma importante para ela, que já cozinha a pensar em mim e quando não vou lá buscar a sopa, reina a pergunta por onde ando e será que está tudo bem. De tal forma a preocupação é genuína que, agora sou eu que lhes comunico sempre que sei de antecedência que vou estar fora ou que lá não irei por algum motivo.

Não sei se me estou a esquecer de algum dos meus anjos...e certamente já tive outros ao longo da minha vida e irei encontrar outros mais. Eles vão mudando. Raramente nos acompanham para sempre. São voláteis. Caracterizam fases da nossa vida, iluminam-na e depois, um dia desaparecem. Nem eles alteram a sua vida por nós nem nós por eles! Nem é essa a sua função. Ficar para sempre. Pertencer-nos de todo. Ajudam-nos no presente. Aligeiram as nossas dores e as nossas frustrações do dia a dia. Compensam-nos em alegria, paz e bem-estar. Fazem-nos sorrir por dentro e recordam-nos que é bom estarmos aqui, estarmos vivos e que a nossa existência é muito importante. Fazem-nos sair da pequenez do nosso mundo e dão-nos consciência de que viemos ao Mundo para encontrar pessoas como estas e devemos estar gratos e felizes também por isso!

Sem comentários:

Enviar um comentário