domingo, 6 de fevereiro de 2011

“O Como” de ser feliz....ou a Teoria de ser chefe de mim própria!

Hoje acordei com um laivo de inspiração para o primeiro dia útil do ano de 2011. Estou-me completamente a lixar que isto pareça conversa de treta e aquilo que todos fazemos no início de cada ano novo – delinear objectivos novos que nos permitam mudar de vida.

Na primeira semana do ano, a taxa de motivação costuma ser de 100% e os objectivos são claríssimos como a água! Mesmo que não se saiba bem como se vão atingir...mas “o como” é algo que, pensamos nós – motivadíssimos em mudar – há-de surgir com o dia-a-dia e com a devida inspiração momentânea.

Na segunda semana de Janeiro – a taxa de motivação já é de 85% - a inspiração para “o como” continua sem surgir e quando olhamos para os primeiros dez, doze dias do ano que já passaram, vem-nos repentinamente aquela questão – o que é que eu já estou a mudar no meu dia-a-dia? Humm...nada. Enfim, mas ainda é muito cedo para tirar conclusões precipitadas - pensamos! Amanhã, amanhã vou começar a pensar “como” atingir os objectivos a que me proponho. O importante é acreditar e não desfalecer. Ou seja, o mesmo que dizer, o importante é continuar a iludir-me de que vou alterar alguma coisa na minha vida, mesmo que continue a fazer o mesmo de sempre e continue a adiar as pequenas mudanças ou a criação da estratégia para amanhã!

Querem que eu continue a analisar este processo decrescente da taxa de motivação para a mudança na terceira, quarta semana do ano, no segundo mês, a meio do ano ou também acham tão enfadonho como eu?

Acho preferível ir então directa ao assunto. A elevadíssima taxa de fracasso na concretização das grandes ideias da humanidade reside substancialmente num aspecto: as ideias fantásticas e luminosas que nos ocorrem no espírito, não passam disso mesmo – do espírito e desvanecem-se também em espírito, nas promessas sucessivas que fazemos a nós próprios de cada vez que nos colocamos em causa, para logo a seguir nos confortarmos com “o amanhã”, em vez de nos confrontarmos. Amanhã sim, tudo é possível. Amanhã vou começar.

Ou seja, dito por outras palavras e para que se entenda em conversa de gente, o que eu quero dizer, é que muitas vezes nós até sabemos “o como” que seria necessário empreender para atingir os nossos objectivos. Mas iludimo-nos e mentimos a nós próprios, porque aplicar “o como” dá muito trabalho. Por isso é que a maioria de nós, tem mais jeito para ser chefe dos outros do que de si próprio. Ser chefe dos outros é mais fácil: incutir pressão, exigir, mandar, delinear metas sem se preocupar em pensar se são alcançáveis (claro que esta não é a definição de um bom chefe, mas isto fica para uma outra vez!). Ser chefe de si próprio portanto e contrariamente aos chefes dos outros, exige autodisciplina, exige mudar hoje, alterar desde já certos hábitos, exige força, persistência e motivação. Exige ser prático e não se deixar enganar pela sua própria preguiça e desculpas esfarrapadas, que se arranjam facilmente ao final do dia, quando se pretende justificar porque é que não se “mudou” nada ou não se fez a patavina dum corno para concretizar o que se tinha em mente. E depois, nem toda a gente tem feitio para se pôr em causa! É preciso ter coragem para nos repreendermos a nós próprios sem nos deitarmos abaixo sempre que faltarmos aos compromissos que assinámos com o intuito de concretizar objectivos.

Por exemplo, há quanto tempo andava eu a dizer a mim própria : “tenho de voltar a escrever! Vou começar!” Mas acreditar só não chega. Até me considero uma mulher inteligente para não cair na esparrela de acreditar que as crónicas vão surgir escritas no ecrã do meu computador por artes mágicas, sem que eu me “obrigue” a criar um tempo exclusivamente para isso – escrever!

Por isso, é para mim hoje uma vitória estar aqui a escrever este pequeno texto. Mas não me posso esquecer, que é apenas um princípio. O inicio da realização do “Como” que tem de ser continuado e preservado todos os dias do ano! Sei que nem sempre me vai apetecer arranjar tempo para escrever ou nem sempre me vou sentir inspirada e pode até acontecer-me não ter a mais pequena paciência para escrever. E é aqui que vão ser necessárias pôr em prática as características de “ser chefe de mim própria”, como a autodisciplina, a perseverança, a motivação e a coragem. Para me dar uma reprimenda, caso não cumpra os compromissos, uma palmada nas costas caso esteja desanimada, um elogio para me inspirar, um reconhecimento pelo caminho já trilhado para me encorajar a subir mais um vão de escadas, a coragem de não aceitar as desculpas mais fáceis como a falta de tempo ou demasiado trabalho ou o desânimo próprio dos dias cinzentos uns atrás dos outros. Apesar de ser uma paixão para mim escrever. A escrita dói e não é fácil. A escrita vive da minha vida e dos dias que velozmente avançam e não me deixam por vezes nem tempo para respirar, quanto mais para reflectir e muito menos para escrever. Mas eu vivo apenas uma vez – ainda não acredito na reencarnação – e algo de dentro de mim mesma, uma voz que tem estado em silêncio ou que eu silenciei no arrastar de dias ocos e que têm ficado por registar, que me diz, que ainda em voz muito baixa, me continua a balbuciar: que é importante eu escrever. Que não passe a única vida que tenho sem escrever. Porquê? Sei muito bem porquê....porque AMO escrever! Porque me sinto imensamente feliz enquanto escrevo. Porque não há nada que me dê mais prazer. Porque sinto que tenho cá dentro tanta coisa para dizer e tantas ideias para criar. E sinto-me imensamente radiante quando estas ideais borbulham de dentro da minha cabeça e da minha alma e coração directamente para as pontas dos dedos que primem sucessivamente as teclas das letras que compõem as frases que me surgem a uma velocidade estonteante em momentos de pura inspiração! E não há nada que me faça mais feliz nem mais realizada! E enfim, porque tenho uma última e primeira missão cada dia e todos da minha vida: fazer-me mais feliz! E escrever é “o meu Como” de ser feliz! Não é o único. Mas é muito importante. Devo isso a mim mesma! E este é um dos três compromissos que este ano de 2011 fiz comigo mesma: voltar a escrever! Os outros dois, terei oportunamente tempo para os dissecar em futuros textos!

E exactamente por isso estou a escrever este pequeno texto para que as palavras inspiradas pelo espírito do novo ano não se percam no ar. Pelo contrário, fiquem gravadas e registadas como testemunho da minha vontade e dos compromissos que assinei comigo para este ano. E ao mesmo tempo, este texto servirá também para me ajudar a exercer a função – para a qual não tenho jeito nenhum, confesso – de ser chefe de mim própria! Para me orgulhar e motivar sempre que estiver a cumprir o que me propus ou para me envergonhar e exigir-me a tal autodisciplina que me falta muitas vezes. Vamos ver se esta estratégia funciona! Senão, encontrarei outra. O que interessa é persistir.

Não estou a encontrar nenhum final adequado para este texto mas não é o fim que mais interessa, é o princípio. E disso já eu me encarreguei.

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