quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A minha introdução ao PNL – o mais importante são as pessoas!

Este fim-de-semana fui fazer um workshop de Iniciação à PNL, ou seja, Programação Neurolinguística. Para quem nunca ouviu falar, vai ser difícil que consiga compreender através da minha explicação, porque eu própria penso ainda não ter conseguido assimilar muito bem esta técnica ou esta teoria de forma a torná-la perceptível ao mais comum dos mortais.

De acordo com o que pouco que eu percebi durante os dois dias inteiros que lá passei, trata-se de uma espécie de nova ciência social/humana que estuda os nossos estímulos condicionados ou inconscientes e tem como objectivo torná-los conscientes para que alteremos os nossos comportamentos de forma a vivermos melhor, mais felizes e de uma forma mais concreta possamos também atingir com menos esforço os nossos objectivos pessoais ou profissionais. Esta Programação neurolinguística tem como pano de fundo vários modelos comunicacionais – porque o cerne é compreender a comunicação que começa inconscientemente no cérebro e que é conduzida através do nosso corpo para o exterior. Quanto melhor conduzirmos essa comunicação e soubermos por um lado interpretá-la e por outro, aproveitá-la para os nossos intentos, maiores os resultados.

Claro que não é só isto. É muitíssimo mais que isto. Mas eu disse logo que não tinha entendido nem metade! Ainda me sinto a assimilar. E precisaria de ler mais livros ou de rever o Manual de instruções do curso para conseguir obter ideias mais nítidas e para pôr em prática outras, no meu dia a dia.

Há conceitos a que nunca mais vou olhar, mas há outros que me podem até ajudar a descomplexar um pouco a minha vida.

Por exemplo, aprendemos a criar uma âncora – que não é nada mais que um estimulo condicionado, a famosa campainha do Pavlov – e utilizá-la nas situações mais stressantes da nossa vida, de forma a termos mais controlo sobre as nossas ansiedades e a ultrapassar certos obstáculos. Se antes de um momento de stress – como por exemplo, numa reunião onde eu terei de fazer uma apresentação – eu utilizar essa âncora – que pode ser uma imagem de um momento onde eu me senti confiante e segura na minha vida – poderá fortalecer-me e acalmar-me e eu conseguir ficar mais centrada no meu objectivo – que a apresentação corra bem – em vez de me concentrar nos nervos que estou a sentir ou nos pequenos gestos que eu pretendo ocultar de todos para que não se note a minha falta de confiança!

A explicação da âncora inclui em si, outro dos ensinamentos que todos já sabemos e que só nos falta praticar no nosso dia a dia: em vez de nos concentrarmos nos obstáculos que inviabilizam atingir os nossos objectivos, devemos gastar energias em criar um caminho, passo a passo para alcançarmos o que nos propomos! Isto é uma verdade muito simples. Não é preciso gastar 200 euros num workshop para aprender isto! Convém é depois de ganharmos consciência disso, mudarmos realmente as nossas atitudes!

Uma das partes que mais gostei do curso foi a dedicada à procura dos nossos valores que pré-determinam em muito a forma como levamos a vida e a conduzimos sem termos consciência disso. Na perspectiva desta Teoria, os valores não servem para nada. Usamo-los muitas vezes com um sentido vão, porque socialmente fica bem ou porque é aceitável e unânime. Por detrás destes valores que regulamentam a nossa vida de forma abstracta e aparente, existem os recursos que nos faltaram, na maioria dos casos na nossa infância, como a atenção dos pais, a confiança, o amor, a auto-estima, a segurança, a liberdade ou outros e que nos fazem caminhar pela vida em busca de objectivos que muitas vezes não têm nada que ver connosco. Como a escolha de um curso que não nos realiza e o consequente emprego que não nos satisfaz de forma nenhuma. Ou determinam os relacionamentos errados que vamos coleccionando ou a enorme instabilidade que sentimos interiormente. É preciso ir bem lá ao fundo, ao inicio de nós mesmo como pessoas, para descobrirmos como essa falta nos influenciou em muitas decisões que tomámos e continua a afectar-nos como seres humanos em todas variantes da nossa vida.

Penso que mais do que gostar deste curso – porque nem gostei assim tanto durante o tempo que foi leccionado – houve momentos de grande seca e em que pensei, o que estava ali a fazer? Isto não me interessa para nada. Ou não vou aplicar nada disto porque é muito confuso. Afinal, paguei 200 euros para ouvir um gajo falar-me de coisas que já toda a gente sabe e que nem como comunicador me atraiu por aí além. Usou muletas comunicacionais em excesso, que me eriçaram os nervos em franja e senti muitas vezes vontade de me ir embora. Mas como fui com uma das minhas melhores amigas – tão critica e céptica quanto eu e cada uma de nós com a mania que já sabe tudo e ninguém melhor – acabámos por decidir ir ficando, rirmos muitas vezes, comentarmos entre dentes o que ia acontecendo ou as diferentes reacções das pessoas ali presentes, até sermos chamadas á atenção! Mas pouco a pouco, a verdade é que os conceitos começaram a fazer algum sentido e a interacção entre as pessoas foi aumentando de forma positiva. Demos espaço a descobrir os que partilharam naquele fim-de-semana, abdicar da sua família, dos seus amigos e encontrarmo-nos naquela sala do 9º piso, de um Hotel em Carcavelos, frente ao mar. Cada um com o seu objectivo aparentemente diferente. Como que fazendo uma pausa nas suas vidas para carregar baterias, para aprender ferramentas ou simplesmente para partilhar ideias. Todos diferentes mas no fundo, todos iguais. Por mais nomes que demos, aquilo que nos move, é sentirmo-nos mais felizes connosco e com os outros. E para isso, é preciso percebermos melhor quem somos e ouvirmos o que guardamos bem dentro de nós. O Miguel, por exemplo aprendeu que ainda nunca se ouviu, por isso, é que cada vez que se fazia um exercício mental e precisava de falar consigo próprio, procurar imagens do seu passado, para procurar respostas, ele dizia que nunca tinha sentido uma situação desconfortável ou um recurso que lhe tivesse faltado. Havia um profundo silêncio dentro dele. Justificado com o está tudo bem, sinto-me óptimo, sou uma pessoa muito realizada.

A Ofélia chegou lá com o objectivo de comunicar melhor com os filhos e de os ouvir mais e saiu de lá com a certeza de que é a si mesma que tem que procurar ouvir mais, os seus desejos, os seus sonhos, o que a magoou, o que a faz realmente ser mais feliz!

A Joana que quer controlar mais a sua impulsividade no trabalho e criar um melhor ambiente com os seus colaboradores na nova empresa que acabou de criar com o Miguel!

Não me ficaram todos os nomes...sou péssima para decorar nomes! Mas ficaram-me as pessoas. Lembro-me de todos os que estavam naquela sala, incluindo o formador e a sua amiga, a Maria João, que já fez com ele todos os cursos e permaneceu todo o fim de semana, ao fundo da sala a ouvir-nos e a recordar fotografias no seu computador HP. Lembro-me da posição que cada um de nós tomou desde o primeiro momento e da cadeira que nunca mais abandonámos – marcação inconsciente de território – e lembro-me das faces, dos sorrisos, dos gestos, das descobertas que fomos fazendo e não posso deixar de ficar emocionada ao pensar que o melhor deste curso, foram as pessoas que conheci! E que aprendi a respeitar, não por terem profissões tão diferentes da minha ou trajectórias tão pouco comuns, mas por ter dado oportunidade a que me conhecessem um pouco, numa situação fora do contexto normal e também porque fui aceite como sou na minha singularidade e um pouco até na minha maneira imatura de me fazer conhecer.

O mais importante deste curso foi a forma como todos nós, baixámos as defesas perante estranhos que em pouco tempo, conheceram facetas da nossa personalidade que muitos amigos de toda a vida, nunca terão essa oportunidade.

A verdade e a sensibilidade com que nos tocámos para partilhar um fim-de-semana que nunca se voltará a repetir...a menos nas nossas cabeças. Em imagens. Imagens de calma, paz, conforto e claro, algum suor e cansaço. A meio do segundo dia, o formador vira-se para mim e pergunta-me: está tudo bem consigo? E eu percebi logo que só podia ser para mim a pergunta: estava quase a cair para o lado de tanto sono e decidi fazer uma tomada de decisão consciente e fechar os olhos por uns minutos para ganhar alento depois do almoço. E eu não pude deixar de ser sincera: como já não aguentava com o peso dos olhos, tive que os fechar...o José disse-nos para estarmos à vontade, não foi?

Foi risota geral......

Já fui como uma onda que se inicia e engrandece e acabava sempre por se desfazer em terra e voltar atrás!

Hoje sou como uma gaivota!

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