domingo, 11 de setembro de 2011

Pequenas mentiras entre amigos


“Pequenas mentiras entre amigos” é o filme que me tocou a alma e o coração de uma forma tão profunda e tão real como já há muito tempo não me lembro de isso acontecer.
Chorei e ri tão intensamente. Vibrei com as personagens. E arrepiei-me com a familiaridade da história.
Pode ser a história de qualquer um ou de alguém que conhecemos. No fundo, naquele grupo de amigos, há sempre alguém que nos faz lembrar alguém. 
O sentido da vida. Qual é o nosso sentido da vida? A amizade. O amor. A solidariedade. Coisas que nos enaltecem e nos fazem sair da mediocridade do nosso dia a dia, tantas vezes vazio. Todos aqueles personagens andam à procura desse sentido da vida. E cada um deles o encontra no afecto e na amizade que os junta uns aos outros.
No centro da história, há uma tragédia. E é à roda dessa tragédia - da qual todos tentam fugir, numa primeira abordagem que o filme começa.
Um amigo sofre um acidente de moto e fica nos cuidados intensivos. Vão todos a correr vê-lo. Mas as férias estão à porta. O que mais podem fazer por ele? Ele não fala. Valerá a pena cancelar as férias para ficar ao lado de uma pessoa que mal se apercebe de que está acompanhado? 
E é durante essas férias que ficamos a conhecer cada um dos personagens. O realizador consegue mostrar-nos de forma poética e ao mesmo tempo a cru, com um humor por vezes azedo e agridoce, as manias, os defeitos, as qualidades, os medos, as crenças e descrenças de todos aqueles personagens que passam férias juntos. Os grandes planos que ele faz às faces, é brilhante. Ficamos a conhecê-los pelas expressões faciais! Sentimos o que eles sentem!
Para mim, o mais importante deste filme é a sensibilidade perfeita com que mete preto no branco as imperfeições de cada um deles mas sem os condenar. Ou de nós mesmos! O nosso egoismo exacerbado. A nossa solidão intransponível, mesmo estando rodeados de pessoas. A procura fútil e tantas vezes em vão daquilo a que chamamos o sentido da vida. O vazio que tantas vezes deixamos que se apodere de nós, a insatisfação que nos corrói o belo do que estamos a viver. Por vezes, só na confrontação com uma tragédia é que conseguimos ver o que perdemos ou o que ficou por dar. 
Mas é a celebração da amizade, no sentido mais puro e grandioso do sentimento que este filme nos mostra. Os últimos momentos são de uma intensidade tão elevada e tão próxima a cada um de nós, que é impossível não nos revermos. Quem vê este filme, fica concerteza com saudades de alguém de quem gosta ou apetece-lhe ser mais cuidadoso e mais carinhoso. 
A humanidade é a desculpa com que frequentemente justificamos os nossos erros. A amizade, pura e verdadeira, pode ser a nossa absolvição!
Se puderem, vão ver! Não saímos tristes do filme, saímos tocados pela sua imensa beleza!

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