quarta-feira, 6 de julho de 2011

A arte de cultivar espertos!


Hoje tive um encontro de 3º grau com um esperto! Identifiquei-o em menos de três minutos de conversação.


Aliás, os espertos são muito fáceis de identificar: falam muito, emitem opiniões sem que lhas peçam e safam-se sempre. Numa empresa, o esperto identifica-se por ser um tipo que facilmente ascende na carreira, sem ser à custa das suas elevadas competências mas pela forma ágil que tem de se relacionar muito bem com quem interessa, de não ter muitos escrúpulos ou quase nenhuns e de saber pouco sobre várias coisas mas argumentando como se soubesse muito. Como tem amigos nos lugares certos, serve-se dos seus conhecimentos e do trabalho dos outros e safa-se sempre.


A minha perplexidade em relação a este tipo de indivíduos consiste no seguinte: como sobrevivem tão bem, se são tão fáceis de identificar?

O sistema actual precisa deste tipo de pessoas que, não trabalham muito mas também têm a vantagem de não chateiar os seus superiores hierárquicos porque não têm grandes principios a defender - defendem o que está na calha e o que é preciso no momento. São capazes de fazer trabalhos sujos ou de trair quem já serviu anteriormente os seus interesses e desenrascam-se sempre porque são simplesmente muito bem relacionados.


O esperto está sempre em ascenção em países como Portugal por isso é que têm este ar descontraído que os ventos lhes correm de feição. São pessoas elásticas, movediças, em quem ninguém confia verdadeiramente mas toda a gente precisa deles para alguma coisa.

As empresas precisam de igual maneira de pessoas honestas e trabalhadoras (que são os que produzem) como dos espertos - que a fazem prosperar também, só que de outra forma!


Em Portugal, a arte de ser esperto cultiva-se com a mesma dedicação que os Bonsai no Japão. Só que enquanto os últimos precisam de luz e atmosfera especiais, o seu crescimento é lento e são plantas frágeis. Os espertos, dão-se bem em contextos adversos, prosperam mesmo em alturas de crise, reproduzem-se com enorme rapidez e são extremamente resistentes às intempéries. Se assim não fosse, não encontraríamos espertos em todo o lado e a cada esquina!


Ainda que ninguém goste verdadeiramente dos espertos com quem tem que conviver e os identifique ao primeiro contacto, porque são bufos, aproveitadores, incompetentes, vaidosos e preguiçosos. A verdade é que também não fazemos nada para acabar com eles e desta forma tornamo-nos responsáveis por alimentar e fazer proliferar esta cultura que infesta a nossa sociedade. Até quando?

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