Todas as regras têm uma excepção. Se até ontem eu julgava que todos os funcionários do El Corte Inglês eram profissionais da mais elevada qualidade, eficiência e formação, mudei de ideias! Há sempre uma ovelha ranhosa em todo o lado, certo? E eu encontrei-a.
Estava apressadíssima ao final do dia para ir buscar duas saias à lavandaria, correr de seguida ao supermercado para comprar o leite de soja light que está em promoção e só há mesmo lá e o seitan assado que adoro para fazer saladas....olhei para o relógio, vi 19h30 - ainda tenho tempo de ir buscar ao quinto piso, em 5 minutos, a correr, o Tupperware que preciso para os cereais e aproveitar o desconto de 20% - pode terminar entretanto! - É num instante, (pensei).
Num instante? Só se for em pensamento! Na prática, tem de se ter muita paciência. Três elevadores. Hora de ponta. Seis andares, sub-cave e ainda os pisos do parque de estacionamento! Nota-se que conheço muito bem o El Corte Inglês, não se nota?
Enfim...decidi respirar calmamente. Vá, não olhes para as horas outra vez. Só passaram 2 minutos. Mesmo assim a espera até não foi longa! Entrei no primeiro que parou e cuja seta verde indicava que ia para cima. Qual é o meu espanto, quando me vejo a ir até aos subúrbios das caves e sub-caves, a fazer uma sauna involuntária dentro de um elevador apinhado. E ainda bem que eu não sofro de claustrofobia! Claro que não pude deixar de expressar o meu desapontamento: “Vai descer? Caramba. Mas indicava que ia subir!”. Outro casal que estava ao meu lado acabou por concordar com o meu desabafo, afirmando também que o sinal do elevador tinha indicado ir subir! Eu rematei a conversa dizendo que já não era a primeira vez que isto acontecia: os sinais verdes levavam a enganos destes!
De repente, ouço um trovão. Um gato enraivecido, a salivar perante a sua presa. Vou-te comer...mas antes, parto-te aos pedaços! “Não são os elevadores que estão mal sinalizados. Voçê é que se enganou. Eles estão certos.” E passou a vociferar uma série de desinformações atabalhoadas que me fizeram ficar mais confusa quanto à funcionalidade dos elevadores! Vou ter de lá voltar e reparar bem, eu própria, para ver se entendi! Custa-me a crer que precise de um manual de instruções para elevadores!
O dito indivíduo sai esbaforido. Zangado. A fixar-me pela última vez para garantir que eu - a sua presa - tinha ficado mesmo estatelada no chão, em pedaços! Só os ossos!
Os seus queridos elevadores estão certos! Afinal, eu não sabia que os elevadores podiam ser pessoas e haver alguém com tanto carinho e compreensão por eles. Defendeu-os como irmãos! Só lhe apeteceu dizer: seus canalhas, se não entendem os meus queridos amigos....ãh, as setas verdes todas trocadas?! ãh, é porque são burros! E depois vêm para aqui dizer mal do meu trabalho!
Ficámos os três perplexos. Ainda bem que naquele momento já não havia mais ninguém no elevador. Senti-me pequenina. Quase ia ficando com um olho negro, só por ir comprar um Tupperware ao El corte inglês!
No final, eu só consegui balbuciar: “mas o que foi isto? Quase ia levando uma sova!”. O rapaz que fazia parte do casal protagonista comigo, disse: “só pode ser o responsável dos elevadores!”.
Recuei então uns segundos no filme que tinha acabado de viver: e só podia ser mesmo um funcionário do El Corte Inglês. Usava farda. Eu é que não tinha reparado!
O importante aqui não era discutir quem estava certo ou errado. Como profissional devia ter-nos informado com bons modos. E mais nada.
O importante aqui é que o El Corte Inglês é conhecido por ter um serviço ao público eximio e que não encontra comparação em termos de qualidade, eficiência e formação: o cliente tem sempre razão. Ponto. Mesmo quando não tem!
Se este senhor se esqueceu do principio que rege esta cadeia para a qual trabalha, já é mau. Muito pior é a sua falta de boas maneiras e formação!
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